quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ATO 1 - parte 2

as vezes é preciso por um freio em si mesmo.
não se pode desafiar a si próprio.

as vezes, é preciso aceitar que seu maior inimigo é vc.
que vc nunca descobrirá seus próprios limites.
que nunca vencerá todas as dificuldades.

que uma parte de vc sempre negará tudo o que vc faz.
que vários tempos habitam em vc.

aquele rosto sem barba ainda expressava a ausencia da verdade.

- conhecereis a verdade, e ela vos libertará.

- eu disse que não ia funcionar.

- o que importa é vc.

anos depois.

- eu quase morri. pelos cantos. por voce. quando te perdi, me entregava a todos como se fossem vc.

- não sabe como é difícil ouvir isso.

- como eu queria que fosse o primeiro.

as duas rodas conduziam aquele momento da vida.

girando, como a vida, em momentos.

a roupa de academia definia a mesma beleza.

o carro velho amigo.

conduziu ao que não aconteceu.

o apartamento estranho, aquelas bebidas, tudo novo demais.

- vc me despertou. eu me dou bem com ele. mas vc...

inimigo dos penteados, amigo da vaidade, sem jeito com ambos.
entonar a voz é algo que passa.

a imagem foi melhor do que a imaginação.




terça-feira, 14 de dezembro de 2010

ATO 1 - parte 1

num belo dia, voce percebe que o tempo está passando

e que ele te controlou mais do que vc a ele.

aquele cabelo molhado, encaracolado, com cheiro de creme barato,

aquela pele de adolescente, o vestido de tecido barato, porém bem costurado.

- onde está meu livro / interrogação /.

- molhou.

- como / /

um sorriso sacana, inocente, o mesmo de sempre.

as paredes da sacristia ainda são as mesmas.

testemunhas mudas do sentimento de outrora.

aquela voz sempre foi única.

- vc estuda engraçado.

- ah é, sei lá.

o batismo seria o começo de tudo, mas não foi.

um dia especial. água fria em espírito quente. e como fervia.

algum tempo depois - 'sinto o sangue ferver, mais quente do que antes'

'sinto a veia pulsar, mais forte que outrora'.

o poder mostrou seu local no poder local.

a outra força se foi.

o computador quebrado, agora, não é mais do que a vida.

- vc é um rapaz zeloso.

- levamos culpa sem vantagem.

o espírito não era menos ébrio do que agora.

ainda que o corpo fosse mais puro.

-fiquem tranquilos, eu trarei comida p vcs.

- deus te abençoe, não temos como agradecer.

- agradeçam a ele.

o onibus velho daquela velha cidade foi o palco.

um toque de mãos e corações cheios.

os mesmos que o tempo, dono da história, haveria de esvaziar.

várias caminhadas pelo mesmo lugar.

não chegaram mesmo ao lugar.

- ele sempre sentava ao seu lado.

- ai que raiva.