segunda-feira, 1 de junho de 2009

PROSTITUIÇÃO É FANTÁSTICO

Ontem foi transmitida uma matéria no Fantástico da rede Globo sobre prostituição e venda de meninas pelas mães em Belém do Pará. Como toda matéria deste tipo, nunca se identificam as causas sociais do problema e sempre se culpa a vítima por sua desgraça. Focalizaram uma senhora que se contradizia quando sabia e quando nao sabia que estava sendo filmada. A matéria sempre ridiculariza as pessoas por suas supostas escolhas. Nunca se vê o desespero de uma população extremamente pobre que se naturaliza pela lógica de reprodução do capitalismo periférico e pelos acordos morais do mérito e da qualificação que funcionam e se atualizam atrelados a tal lógica. No final, é tudo culpa de uma mãe canalha e escrota que vende a filha por quinhentos reais. Sem contar que não mostra a suposta escolha das próprias meninas, que no desespero da fome saem de seu Estado por que sabem que poderão se vender um pouco mais caro em outro lugar. Enquanto continuarmos achando que tudo é uma questão de escolha individual, sem observar as condições objetivas que definem em grande parte o caminho da vida de uma pessoa, não enfrentaremos moralmente ou com políticas sociais as verdadeiras causas do problema. Sem contar que num ambiente de baixo aprendizado moral como o da brasilidade a prostituição é algo velado em todas as frações de classe e apenas explícito em certas frações da ralé. Nunca é escândalo midiático quando uma grande socialyte se casa e descasa várias vezes, não por acaso sempre lindas e sempre com grandes empresários. Aí o interesse em jogo é sempre o amor...

2 comentários:

  1. Excelente texto, Fabrício!
    A escandalização diante da exploração monetaria do corpo só é visivel entre os estratos da ralé. Entretanto, uma mulher dos estratos da classe burguesa que participa de um filme pornografico em troca de 20 mil,com o apoio dos pais, é tida como artista. E até goza de relativo reconhecimento social.

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  2. pois é meu velho, a burguesia pode gozar tranquilamente em todos os sentidos enquanto que a ralé só é gozada nos piores sentidos. grande abraço

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